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Autonomia

Artigo Publicado em: 27/10/16

Incrível como o conceito de Autonomia é confundido com o de Liberdade. Filosoficamente autonomia refere-se a capacidade de um indivíduo tomar suas próprias decisões com base na razão. Para Kant, “servir-se de sua própria razão é ser autônomo, e, portanto, livre”. É a capacidade de um sujeito tomar suas próprias decisões, de forma não forçada, baseada na realidade e informações disponíveis. Numa filosofia mais ligada à moral e à política, autonomia é a responsabilidade moral de alguém frente a seus atos.

 

Levando em conta todas essas definições, é possível perceber a complexidade e abrangência desse tema. A autonomia não está ligada somente a capacidade de fazer as coisas por si só, mas também de um desenvolvimento de consciência moral. Assim, somos autônomos e livres quando tomamos nossas decisões e arcamos com as consequências advindas. Por isso, devemos aprender a avaliar racionalmente as situações.

 

Nossos filhos aprenderam a desenvolver autonomia a partir da capacidade dos pais desenvolverem neles a independência, juntamente com a confiabilidade em suas próprias capacidades. A criança precisa da autorização dos pais para crescer e se desenvolver, e isso nem sempre é fácil.

 

Nós pais, somos fatores determinantes na forma como nossos filhos irão avançar e se relacionar com os desafios da vida, e a autonomia é sem dúvida um desses desafios. Ela está ligada a autoestima, pois ela precisa se sentir capaz de resolver seus próprios problemas e desta forma aprender a se relacionar, se comunicar e fazer suas escolhas.

 

A primeira infância é tida como o marco fundamental no desenvolvimento da personalidade. É nesta fase que se dará o tom das relações que estabeleceremos ao longo da vida.

 

A mãe é a primeira pessoa que o bebê se relaciona. Num primeiro momento ele se quer percebe o limite onde começa um e termina o outro – são como se fosse um só. Desta forma, ele reconhece o mundo através da percepção dela, é ela que apresenta, e isso pode ser feita de diversas formas. Pode apresentar um mundo cheio de riscos, perigoso, ameaçador, ou pode apresentar um mundo que é possível ser explorado, com beleza e o prazer por novas descobertas, mas que ele deve respeitar algumas regras de convivência, onde nem sempre encontrará prazer.

 

Algumas mães temem tanto o contato do filho com o mundo, seja por medo de contaminação ou de acidentes ou ainda que eles sofram, que criam uma espécie de redoma em torno da criança. A superproteção impede que a criança desenvolva recursos internos para enfrentar a vida e os obstáculos que naturalmente ela trará. Desta forma, o que inicialmente era uma proteção, se torna desproteção! Pois a criança termina por ser incapaz de administrar situações pelas quais naturalmente irá se deparar ao longo da vida.

 

Uma criança criada para uma vida dependente fica impedida de crescer e tenderá, inclusive em sua vida adulta, desenvolver relações de dependência. Primeiro dependente dos pais, depois do marido/esposa, trabalho e até mesmo de alguma substancia psicoativa (álcool/drogas).

 

Para se desenvolver as crianças precisam ser estimuladas a aprender a fazer coisas que antes não faziam. Como por exemplo: arrumar o prato, cortar a carne, arrumar a cama, colocar os sapatos... Além dessas tarefas, crescer e se tornar autônomo exige que seja desenvolvida sua capacidade de tomar decisões, fazer escolhas e assumir as consequências destas.

 

Neste modo de agir nossa tarefa de pais muda, não mais fazendo tudo pela criança, mas de forma alguma se torna menos importante – bem pelo contrário. Devemos manter uma distancia ideal, que permita que ele possa experiênciar o mundo, mas sem perder a perspectiva de que podemos ajuda-los sempre que necessário.

 

Chamei de distancia ideal porque muitas vezes teremos que assistir inúmeras tentativas e erros, e fracassos dos nossos filhos – que provavelmente não existiriam se tivéssemos feito por eles. Estaremos certamente ao seu lado para secar as lágrimas, aprender a lidar com os erros e com as perdas, levantar e tentar de uma nova forma.

 

Não podemos esquecer que para o desenvolvimento da autonomia de nossos filhos, é importante que eles tenham vivencias e experiências de vida, para isto, eles devem ser autorizados a experimentar e interferir no meio em que eles estão inseridos e para que isto aconteça, eles precisam se separar de nós.

 

Abraços

 

Micheli Krayevski Eckel

Psicóloga / Psicopatologista / Mãe da Sofia

chely_kr@hotmail.com

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