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Família desestruturada, curiosidade e o fácil acesso as drogas levou Tarcisio Chaves da Silva, hoje aos 39 anos, ao fundo do poço, uma fase da vida difícil de esquecer. Para sustentar o vício, Tarcisio não perdeu apenas dinheiro, mas um tempo valioso de sua própria vida. Perdeu também sua família, emprego, o relacionamento com a filha e tudo mais que ele considerava importante.
Décadas no vício
Tarcicio lembra que quando criança ficava esperando os adultos beberem a caipirinha, para então tomar o açúcar que ficava no fundo do copo. Atitude que segundo Tarcicio alimentou o seu desejo pelo álcool quando adulto. “Foram 23 anos no vício. E tudo começa aos poucos, é uma amizade, um copo de cerveja, um convite para ir num bar. Quando você cai em si já perdeu o controle de sua própria vida. Depois você vira um manipulador, manipula um aqui outra ali e fica refém do próprio vício”, diz.
“Ver meu pai feliz e longe das drogas me emociona. Ele nunca foi um pai ruim ou ausente, sempre foi um batalhador, o problema era quando ele tinha as recaídas. Lembro das vezes que ele chegava em casa embriagado e discutia muito com minha mãe, são cenas difícil para uma criança de apenas 8 anos”, conta Aline Chaves da Silva, filha de Tarcicio hoje aos 18 anos.
A volta por cima
O que pode parecer mais um caso de usuário de drogas, na verdade reflete a situação de vida de centenas de riomafreses que estão doentes e precisam de ajuda. Como explica Edson Eckel, psicólogo e coordenador geral da Atena (Associação Terapêutica Novo Amanhecer).
“O Tarcisio chegou para tratamento em 2012, na época poucas pessoas acreditavam nele. No começo até eu tinha minhas desconfianças. Mas no decorrer do tratamento percebemos que ele estava realmente disposto a proporcionar um novo caminho para sua vida. Hoje ele é um dos nossos diretores, mais uma prova que é possível a recuperação”, diz.
Tarcisio conta que diferente do ingresso no mundo das drogas, a saída não é fácil. Precisa muita força de vontade. “Me apeguei aos princípios dos doze passos da sobriedade, a fé e a muita força de vontade. Confesso, não é uma decisão fácil. Você convive com as recaídas, a desconfiança das pessoas, mas aos poucos você vence e dá a volta por cima”, pontuou.
Ombro amigo
Borracheiro de profissão e cinco anos contínuos longe do álcool e drogas, Tarcisio dedica parte de sua vida como diretor executivo da Atena e com aconselhamentos de jovens e adultos. “Conseguimos encaminhar várias pessoas que buscam sua recepção. É um trabalho árduo demorado, mas se eu consegui, hoje quero ajudar outros a ter uma nova vida”, finaliza.
Por Douglas Dias
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